sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Após denúncia sobre qualidade da merenda, Vigilância interdita cozinha de colégio em Joinville


Depois do vídeo em que um aluno reclama das opções de merenda, a Vigilância Sanitária foi acionada e identificou problemas na estrutura do local

Depois da denúncia de um pai sobre a alimentação irregular no Colégio CelsoRamos, no bairro Bucarein, em Joinville, nesta terça-feira a Vigilância Sanitária interditou a cozinha da escola.

A fiscal Lia Abreu disse que foi até o local para averiguar a situação e encontrou "várias irregularidades que já foram notificadas pelo menos três vezes." Apesar da interdição, a Gerência Regional de Educação garante que as aulas vão continuar normalmente.

VÍDEO: veja as imagens da merenda feitas pelo aluno.

Segundo Lia, a gerência de educação havia sido notificada em julho e dezembro de 2011 e em março deste ano sobre as condições da cozinha.
— Como não fizeram nada para melhorar, o jeito foi interditar mesmo — justifica.

Entre os problemas citados estão a falta de armários para armazenar os alimentos, o fogão pequeno para a demanda da escola, vazamento na pia na qual são manipulados os alimentos, utensílios velhos, piso quebrado e instalação elétrica exposta.
— Para se ter uma ideia, as panelas grandes são lavadas fora, no mesmo tanque onde são colocados os panos de louça, porque não há um espaço adequado — exemplifica Lia.
— Além disso, não há telas nas aberturas e a cozinha não tem exaustor. O calor lá dentro é intenso — emenda a fiscal.

O vídeo divulgado na internet, feito por um aluno criticando o cardápio da merenda, rendeu mudanças positivas. Não por causa de novos recursos da Secretaria Estadual de Educação, mas sim pela colaboração entre colégios para garantir o almoço de 209 alunos que estudam em tempo integral.

Repasses

A coordenadora pedagógica do ensino médio integral da unidade, Marla Luiza de Andrade Amorim, explica que o repasse de R$ 24 mil para complementar a merenda serve para subsidiar por um ano as refeições dos 922 estudantes do ensino médio integral e do regular.

Mas o valor é insuficiente porque o repasse de alimentos não perecíveis é irregular. A verba precisa ser usada para comprar arroz, feijão e macarrão. Segundo ela, a dívida no mercado já acumula R$ 8 mil.
— O dinheiro seria só para complementar e tem que ser gasto para comprar o grosso. Já pedimos reajuste — lamenta.

Marla não sabe o motivo do atraso na entrega de alguns alimentos, mas garante que relatórios informando a falta foram enviados para a gerência e para a Secretaria Estadual de Educação.

Os alunos só não ficaram sem alimentação porque até a Associação de Pais e Professores investiu recursos na merenda. Os estudantes do ensino regular, por exemplo, estão recebendo achocolatado e bolachas.

Uma solução encontrada pela equipe da escola foi pedir para os alunos trazerem autorizações para serem liberados a almoçar em casa ou que os pais venham buscá-los.

— Não vamos deixar alunos passando fome na escola. Tem gente que não come só feijão e atum — diz.

Para aliviar o problema, uma escola doou 60 quilos de arroz e algumas bistecas que foram consumidas nesta terça. O pai que fez a denúncia na segunda, diz que o filho comemorou a melhora e comeu na escola.

Desafio é garantir o almoço

Na Escola Nagib Zattar, no Jardim Paraíso, a situação não tem sido fácil para garantir o almoço aos 160 estudantes do ensino médio integral.
— O dinheiro não é suficiente — lamenta a diretora Dalva Moser.

Segundo ela, ainda não faltou comida, mas porque foi feita uma "ginástica" para fornecer as refeições. O desafio para a diretora tem sido garantir a variedade e ainda pagar as contas.

A escola está devendo há um mês para os fornecedores e pode haver suspensão na venda de alimentos. Para dar fôlego, segundo ela, precisaria de reajuste de pelo menos 150%.
— Tento comprar frutas e hortaliças da época. O tomate, por exemplo, está a R$ 5 o quilo. Não dá — diz.

Já na outra escola de ensino médio integral, a Arnaldo Moreira Douat, no Costa e Silva, não houve problemas porque o fornecimento do almoço é terceirizado.

Segundo Marlus Cecatti, responsável pela coordenação da merenda, a empresa Nutriplus é responsável por entregar os alimentos e prepará-los. Ele admite que o baixo número de alunos também ajuda para que não haja problemas. São apenas 60 que almoçam na escola.
 

Contraponto

A gerente regional de Educação da SDR de Joinville, Clarice Portella, comentou que recebeu nesta terça-feira o laudo de interdição e que encaminhou para a Gerência Regional de Infraestrutura.
— Vamos tomar as providências necessárias para desinterditar a cozinha.

Ela acredita que a situação pode ser resolvida até o fim da semana.
— O pessoal da infraestrutura tem que analisar ainda, não podemos especificar um prazo — diz.

Clarice garantiu também que as aulas não serão canceladas.
— Os alunos do turno integral serão liberados para almoçar em casa e para os outros serviremos merenda que não precisa ser manipulada na cozinha.

Falta de alimento

A Secretaria de Educação informou que não estava sabendo da falta de alimento nas escolas e acreditava que os R$ 24 mil anuais e os alimentos enviados para as unidades eram suficientes para garantir a merenda. Deste valor, R$ 15 mil já foram repassados e outros R$ 3 mil serão encaminhados na próxima semana.

Porém, a secretaria estava ciente de que os alimentos não perecíveis adquiridos no começo do ano não seriam suficiente para os 12 meses. Uma nova licitação já foi realizada e os mantimentos serão encaminhados para as escolas nas próximas semanas. As compras são feitas de acordo com a demanda.

Fonte: A NOTÍCIA

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