Nós, professores da rede pública estadual de Otacílio Costa, participantes da greve do magistério, dia 27 de maio, sexta-feira, realizamos uma passeata nas principais avenidas dos bairros Centro Administrativo, Santa Catarina, Pinheiros e Fátima. De maneira pacífica, com faixas cobrando respostas do governo estadual em relação à aplicação do piso respeitando o Plano de Carreira do Magistério. Durante duas horas professores e alunos caminharam, acompanhados pela Polícia Militar que ajudou na segurança do trânsito. Os professores entregaram à população otaciliense uma carta explicando os motivos da continuação da greve de 4 escolas da rede estadual: E.E.B. Agar Alves Nunes, E.E.B. Elza Deeke, E.E.B. Nossa Senhora de Fátima e APAE-Escola de Educação Especial Amigos para SEmpre o que representa 90% da rede estadual no município.
Professora Cristina Sutil - E.E.B. Agar Alves Nunes
Carta à comunidade Otaciliense
Nós, educadores da Rede Estadual de Ensino de Otacílio Costa, gostaríamos de esclarecer à comunidade otaciliense quais foram os motivos que nos levaram a manter a greve do magistério público estadual.
Primeiramente queremos expressar toda a nossa indignação em relação à proposta feita pelo governo estadual aos educadores na segunda-feira, dia 23 de maio, que entra para a história como a “segunda- feira negra” da educação catarinense.
É inacreditável a ousadia de tais autoridades que simplesmente ignoraram o plano de carreira do magistério público catarinense e ofereceram um reajuste salarial diferenciado, prejudicando impiedosamente aqueles profissionais que têm mais tempo de serviço. Mais uma vez o governo usou de uma manobra maquiavélica com o único intuito de enfraquecer o movimento grevista e dividir a categoria, pois a proposta de elevar o piso salarial apenas daqueles professores em início de carreira é um ultraje, uma afronta aos educadores deste estado.
Esta teria sido uma atitude louvável se os profissionais efetivos da educação, com mais tempo de serviço, graduação e pós-graduação não tivessem sido completamente ignorados, pois não receberam sequer R$ 1,00 de aumento salarial e mais, viram todo o seu histórico na educação, até então estruturado em torno do Plano de Cargo e Salários, ser pulverizado com o desprezível propósito de atender aos interesses espúrios e imediatistas deste “desgoverno”.
Nossa decepção se estende também àqueles profissionais da Educação que se omitiram neste momento sublime e simplesmente se recusaram a apoiar esta greve e tudo o que ela representa. Além de darem as costas aos seus companheiros de luta, muitas vezes, por motivos injustificáveis, acabam servindo aos interesses únicos da classe governante. E o pior disto tudo, é que o fazem em detrimento de sua própria categoria profissional.
E a você, cidadão catarinense, nós perguntamos: “Que tipo de educação vocês querem para seus filhos? Como alguém que se recusa a lutar por uma causa tão nobre, pode exigir que seus alunos sejam críticos, ousados e transformadores?”
Nós profissionais da educação aderimos à greve. Aderimos por entender que a escola é um dos componentes da formação do cidadão. Portanto, aderir à greve também deve significar para nossos alunos que o cidadão deve lutar pelos seus direitos.
Aderimos a greve e continuaremos lutando pelo nosso direito. Gostaríamos de voltar às salas de aula, no entanto só retornaremos, quando o governo obedecer à lei... Estamos em greve sim, e continuaremos nela até o governo cumprir a lei do Plano de Carreira do Magistério de Santa Catarina.
Assinam os professores da rede pública Estadual de Otacílio Costa.
(carta elaborada pelos professores de Otacílio Costa com trechos da carta escrita por professores de Nova Trento-SC)
"Se você acha a educação cara, experimente a ignorância"
Derek Bok, professor da Universidade de Harvard.
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